quarta-feira, 21 de abril de 2010

Auto-retrato

Auto-retrato... antes fosse 'retrato-falado', mais fácil (risos)
Escrevi meu auto-retrato no terraço de casa, olhando a lua, que estava linda, sorridente e dourada... decidi isso porque uns dias antes ela estava menor e mais prateada..."várias fases", pensei, "assim como eu".
As vezes eu me sinto duas, mas devo ser mais... sei lá, talvez cada situação peça uma Elaine diferente da outra, com mais ou menos brilho, maior, menor, enfim... penso que no decorrer de nossas vidas, com tudo o que nos acontece de bom ou de ruim, vamos nos moldando: coisas que achamos úteis e adotamos como nossas verdades, e que de repente, viram nossas maiores mentiras e por não precisarmos mais, descartamos... mas ainda assim, nos agarramos a certas mentiras: mentiras de sentir o que não sentimos, mentiras de precisar daquilo ou daquele que não nos faz bem e/ou não agrega nada de bom... e mentiras das verdades que escondemos...
Viver não é fácil e SER, é muito complicado, ainda mais se for pra ser alguém como eu, como nós, já que me sinto ser mais de uma... aliás, creio que essa divisão, ou mutiplicação, que faço de mim, na realidade seja parte de um todo... porque não posso simplesmente deixar de ser.
Eu sou essa: falante, estranhamente engraçada, sensível... tenho lá meu lado mulher sensual, ainda que com uma carinha de menina... a amiga compreensivaa, guardadora de qualquer segredo, só pra proteger quem amo, com esse meu instinto materno...uma moleca que adora brincar, não quer saber de "coisas sérias" como as contas a pagar, se profissionalizar, estudar - o que na verdade significa 'padronizar-se'... não quero ser padrão nem exemplo de vida material pra ninguém.
Sou quem deseja viver a vida incondicionalmente, livremente: pra quebrar a cara; pra ferir o coração, esperar cicatrizar e ferir de novo; chorar, sorrir e no final ter a certeza de que tudo valeu a pena, por mais dolorido que tenha sido...
E eu sou aquela: que se protege das dores, mas também não vive amores; que muito pensa e pouco diz ou faz; que se sente angustiada, magoada; que guarda sentimentos dos mais diversos com medo de vivê-los... sou aquela que se sente presa, sufocada, e que sabe que toda melhora pros sentimentos mais ruins, está nela; que sabe ser ela sua maior prisão.
Conclusão: sou amor e ódio; vida e morte; medo e coragem; sou meu lado negro e meu lado branco; sou a brisa suave e um tornado destruidor... sou começo e fim da minha própria história; sou exibição e o medo de me expor... vacilante... sou a que escreve e a que lê, a que fala e a que cala; sou a que liga e a que não está nem aí... sou o certo e o errado, mesmo que isso seja ilusório... sou fantasia e realidade; sou o medo da vida, sou o medo da morte... morte de tudo aquilo que construi nos últimos 28 anos, vida de tudo que virá... porque sou certeza e ainda sou dúvida.
Eu sou eu, e eu sou ela...